sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ah! O amor...



Acho simplesmente o máximo aqueles discursos que o padrinho faz nos casamentos americanos.

Corrigindo: acho o máximo aqueles discursos que os padrinhos fazem para os noivos nos FILMES americanos... Realmente não sei se é só coisa de filme, mas, de qualquer forma, acho muito emocionante e divertido.

Minha irmã mais nova vai casar, sou madrinha e tenho a maior vontade de fazer um belo discurso. Como meus dotes de escritora não são lá muita coisa e nunca teria coragem de ler para sei lá quantos convidados, decidi fazer aqui uma breve dedicatória aos noivos. Busquei inspiração em um texto que gosto muito: “O que é o amor?” De Liane Alves, publicado na Revista Vida Simples em 01/2005.

Ok, ok. Não será nada parecido com as cenas emocionantes e muitas vezes cômicas dos filmes americanos, mas será de coração. Prometo!

De: Mariana Para: Fabiana e Cândido

O que desejo aos noivos...

Desejo para vocês amor. Nada mais obvio, é verdade. O que mais posso desejar aos noivos: felicidades, é claro. E de onde vem a felicidade senão do amor? Ainda mais óbvio.

Mas talvez o tipo de sentimento que esteja desejando para vocês não seja assim tããããão obvio... Afinal muitos confundem este sentimento. Até mesmo poetas e cineastas insistem em definir o amor como uma sensação embriagadora, um surto de emoção, palpitação, desejo de sair cantando e dançando “Singing in the Rain” no meio da rua. Tudo isso pode ser muito bom, é verdade, mas não é o amor. O amor que desejo para vocês, começa depois do “The End”.

O amor que desejo para vocês nascerá da convivência, dos sentimentos cultivados no dia-a-dia, frutos da atenção e do cuidado. Dá muiiiiiiiiito trabalho, é verdade. Eu diria mesmo que é uma árdua conquista. Uma escolha que exige participação ativa e consciente. Enfim, o amor é um sentimento cultivado com muiiiiiiiiiiita paciência.

Deu vontade de desistir, ne?

Mas não desistam. Amar não é fácil, mas a recompensa é grandiosa. E quem diz isso não sou eu, que tenho tanta dificuldade quanto qualquer um em alcançar esse amor verdadeiro. Quem diz é o Dalai Lama, um dos maiores conhecedores do amor. E o que ele diz? Que o amor é a chave da maior felicidade que podemos provar na Terra. Vou repetir: "a maior felicidade que podemos provar na Terra".

Isto deve ser verdade... Isto tem que ser verdade!!!! Pelo amor de Deus!!!! Afinal, porque outro motivo, decidimos, de livre e espontânea vontade, nos unir a outra pessoa para o resto de nossas vidas??? É porque no fundo, beeeeeem lá no fundo “sabemos” que isto é verdade e mais: é porque “sabemos” que amar só se aprende amando... Acredito mesmo que amar se aprende amando, assim como andar se aprende andando, tocar se aprende tocando e viver se aprende vivendo.

Acredito realmente que o amor é um sentimento a ser aprendido. Talvez até mesmo seja esta razão de nossas vidas: aprender a amar. Por isso digo e repito: não desistam, ou melhor, não desistamos (afinal isto vale pra todo mundo, né? Inclusive eu, he he he), pois o amor entre duas pessoas, na medida em que se torna mais consciente e menos egocêntrico, transforma-se em um exercício que pode ser expandido na direção dos outros seres humanos. Ganha então novas cores e possibilidades.

...e desse exercício diário de amar um ao outro poderá surgir, então, o verdadeiro AMOR...

Por fim, uma historinha...
Diz um Conto Chinês que um jovem foi visitar um sábio conselheiro e disse-lhe sobre as dúvidas que tinha a respeito de seus sentimentos sobre sua jovem e bela esposa. O sábio escutou-o e disse-lhe apenas uma coisa: Ame-a, e logo se calou.
Disse o rapaz:
- Mas ainda tenho dúvidas.
- Ame-a, disse-lhe novamente o sábio.
E diante do desconcerto do jovem, depois de um breve silêncio, o sábio disse-lhe o seguinte:
- Meu filho, amar é uma decisão, não um sentimento. Amar é dedicação. Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor. O amor é um exercício de jardinagem. Arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide. Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excessos de chuvas, mas nem por isso abandone o seu jardim. Ame, ou seja, aceite, valorize, respeite, dê afeto, ternura, admire e compreenda. Simplesmente: Ame!

sábado, 21 de novembro de 2009

O começo ou De: Giovana Para: Todos

Como começar? Qual texto postar primeiro? Lembrei do que meu pai sempre me diz nestas situações: o melhor é começar pelo começo. Então é isso. O começo. A origem. Como surgiu a idéia para este blog.
Estava mais um vez lendo as diversas mensagens, e-mails, bilhetes que guardo exatamente para ler de vez em quando e pensei pela enésima vez: eu devia partilhar estes textos. Como não sou uma internauta que se preze - nem orkut eu tenho!!!!! - pensei novamente na solução a moda antiga: podia editar um livro... Diante das dificuldades que isso representa, mais uma vez "ia" desistir. Porém, desta vez, o texto que li em seguida mudou tudo. Renovei meu antigo desejo, insuflei minha vontade com uma boa dose de perseverança e pesquisando descobri o óbvio: um blog, ora bolas!
É exatamente este texto que vocês vão ler agora. Pelo menos este "ia" não se tornará um "nunca fiz".

De: Giovana (minha irmã)
Para: todos (sei que ela escreveu para si mesma, mas como ela teve coragem de partilhar...)

"Mais uma vez, diante de um daqueles livros recheados de frases de sabedoria sobre a existência eu me pego pensando em minha vida. Elaboro perfis, reúno sonhos, lembro metas, traço planos. Só para, depois de um tempo, ver tudo ser esquecido como....não há metáfora para esta sensação de perda de tempo.
A vida para mim deveria ser simples. Eu preferia um mundo menos burocrático, no pior sentido da palavra. Preferia mais bom senso do que leis. Mais solidariedade do que sistemas sociais. Mais iniciativas individuais do que a espera pela reviravolta que virá com o Melhor Governo para o Povo. Preferia o respeito espontâneo do que o politicamente correto.
Apesar de pensar assim, é neste nosso mundo que eu vivo – porque é o que eu mereço e o que eu ajudei a construir. Pior. Continuo ajudando cada vez que acordo para mais um dia comum e rotineiro, nos quais me nego o direito e o dever de transformar este mundo olhando e interagindo com ele de uma forma diferente.
Este mundo que construímos nos pede tanto – perfeccionismo, sucesso, beleza, riqueza, liberdade sexual, independência, autonomia, decisões rápidas, agilidade, conhecimento global, amores eternos, ...e o que nos dá em troca?
Meu mundo simples não me pede nada disto. Não me quer perfeita, apenas humana. Não quer que eu seja rica, linda, decidida, promissora, executiva. Não me pede para esconder minhas dúvidas, meus medos, minha dor. Não preciso nem fingir amar ao próximo se não o amo.
Meu mundo diz apenas – Conhece a te mesmo e segue seu caminho. Mas porque isto é tão mais difícil do que levar a vida como ela é? Sempre pensei que fosse porque significava descobrir quem sou, aceitar quem sou e gostar de mim. Mas não é. É porque significa fazer o mundo enxergar quem sou, fazê-lo aceitar quem sou e não me importar se gostam ou não de mim.
Renunciar a aceitação social, sempre que ela cobrar um preço alto demais. Por isso é tão difícil. Estaremos sozinhos na decisão de sermos loucos, pobres, donas de casa, pacifistas, mulheres sem filhos, profissionais sem carreiras de sucesso, pessoas que não elegem a educação acadêmica como fundamental, gordas saudáveis, andarilhos sem destino, escritores sem livro, românticos inveterados, virgens à espera do príncipe, jovens sem rebeldia...
O que não percebemos é que já estamos sozinhos por não seguimos nosso caminho. Renunciamos a nós mesmos em nome de...que? E não somos nada, além de pessoas num dilema de fundir a cabeça. Vivemos sem pensar o nosso dia e, quando fazemos isto, ficamos apenas na linha do pensamento. Não mudamos. Não seguimos.
Ficam para trás, aquela ginástica que a gente ia começar, o emprego que a gente ia largar, o trabalho que a gente ia buscar, o amor que a gente ia conquistar, os amigos que a gente ia rever, o projeto social que a gente ia conhecer, o idoso sozinho que a gente ia ajudar, a criança abandonada que a gente ia visitar, a viagem de mochila que a gente ia fazer, a mãe querida que a gente ia abraçar, a família linda que a gente ia cultivar..Todos temos nossos ias.
Por quanto tempo vamos adiar nossa decisão de estar em paz com a gente mesmo? Isto não quer dizer (ou quer, para alguns) dar as costas a tudo que temos, a vida que construímos até agora. Eu, pessoalmente acho que podemos mergulhar no conhecimento interior e seguir nosso caminho sem abandonar nossas responsabilidades, sem descumprir nossas obrigações.
Basta...basta não, porque não é fácil. É vigília constante para não nos perdemos de novo na multidão do rebanho. Mas é necessário e urgente, para todos nós capazes de perceber que “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”, encontrar o equilíbrio entre as exigências do mundo e a gente mesmo. Antes que os nossos ias se transformem em nunca fiz."