terça-feira, 15 de março de 2011

Para João

"...Quando eu estava esperando você, com aquele barrigão, era seu pai quem fazia
supermercado pra mim. O último, eu me lembro bem: ao abrir as sacolas, entre
um item e outro da lista, encontrei chocolate, azeitonas pretas bem grandes,
biscoitos, frutas fresquinhas e o meu sorvete predileto.
O vidro de azeitona ainda durou muito tempo na geladeira, mesmo depois que
seu pai deixou esse mundo, me fazendo lembrar as palavras da sua bisavó
Juju: “Que absurdo as coisas durarem mais do que as pessoas”.

Adoro o blog Para Francisco de Cris Guerra. Foi de lá que tirei o trecho acima. Se vocês visitarem o blog (e garanto que devem fazer isso) não vão entender porque estou copiando justo esta parte. É, eu sei, eu sei. Lá tem tanta coisa incrível de se querer reproduzir, copiar, ler e ler novamente, mas é que as palavras da bisa do Francisco, a Dona Juju, bateram em mim: quantas e quantas vezes fiquei fula da vida ao dar de cara com coisas que me lembram meu filho e que permanecem ali intactas, que ainda existem e persistem depois de sua partida... Quantas e quantas vezes fiquei perplexa ao constatar que aquela coisa ainda estava aqui e meu filho não... É, Dona Juju, decididamente é um coisa besta as coisas durarem mais que as pessoas...
Mas com o tempo isso passa. Esta sensação esquisita, estranha, incômoda e até revoltante passa. Só o que não passa, não passa nunca é a saudade e a vontade de abraçá-los mais uma vez...